06
de outubro de 2014, segunda feira. Dia seguinte ao pleito eleitoral que cravaria
um marco na história política do Maranhão, haja vista a significativa derrota de
um dos mais tradicionais grupos políticos do Brasil na disputa pelo mais alto
cargo do poder executivo estadual. Os jornais matinais evidenciavam aquilo que parecia o óbvio: os resultados da
eleição do dia anterior e suas repercussões iniciais em cada região do estado.
Gostaria de poder ter ouvido somente essas noticias nesse dia, mas não foi bem
assim. Por volta das dez horas o celular toca e uma amiga, aos prantos,
comunica a tragédia que marcaria a história da família Soares Matos, bem como a
história de muitas outras pessoas ligadas ao jovem advogado Brunno Eduardo,
fossem elas de relação pessoal próxima, fossem de relação profissional e/ou
acadêmica. O espanto imediato toma a razão e a incredulidade da noticia parece
não querer cessar. A velocidade da informação dos dias atuais lança na tela do
computador a sua imagem e a nota referente ao seu assassinato. Ceifaram-lhe a
vida sem qualquer justo motivo, sem qualquer explicação. Juntamente com outros tantos
excelentes advogados, convivi os anos de minha graduação ao seu lado e essa
experiência me autoriza ratificar suas virtudes profissionais. Era um legítimo
seguidor do decálogo sugerido por um outro Eduardo, o Couture, pois era
profissional que amava o que fazia. Além da advocacia, era músico. Tocou
algumas músicas em nossa festa de formatura e guardo lembranças saudosas desse
momento. Justa e merecida foi a homenagem feita por um amigo seu, onde,
despedindo-se de seu corpo, cantou emocionado - e emocionando - alguns versos
da canção "amizade", onde finaliza agradecendo: "valeu por você
existir, amigo". Para alguns amigos de faculdade em comum escrevi uma
mensagem que, para finalizar esta singela homenagem, também gostaria de
compartilhar com vocês leitores: "O modo trágico de sua morte não se
sobrepõe à forma alegre de sua vida. Cada um de nós tem uma ou outra ou várias
lembranças dele. As que guardarei comigo, vos digo, são somente as que me fazem
sorrir - lembrei que o apelidei de 'Bruno Cavaco'. Espero que, onde quer que
ele esteja, essa sua alegria, imortalizada em nossas memórias, contagie a todos
em sua volta, tal como ele fazia aqui conosco, seja com suas músicas, seja com
seu cavaco, seja, ainda, somente com o sorriso que sempre estampava seu rosto".
A caneta do brilhante advogado e as cordas do melodioso cavaco agora funcionam lá no céu, ao lado Daquele que é, que foi e que sempre será o advogado dos
advogados, o músico dos músicos. À família? Os sentimentos mais sinceros de
pesar, a fé na justiça dos homens, sobretudo, na de Deus e a esperança de que
uma nova história possa começar a ser escrita no Maranhão que o Brunno certamente
ajudou a mudar.